Mário Sá-Carneiro

Mário Sá-Carneiro

Portugal — Poeta/Contista/Ficcionista

19 Mai 1890 // 26 Abr 1916

23 Poemas

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    Mário Sá-Carneiro Quási

    Mário Sá-Carneiro
    Um pouco mais de sol - eu era brasa,
    Um pouco mais de azul - eu era além.
    Para atingir, faltou-me um golpe d'asa...
    Se ao menos eu permanecesse àquem... …

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    Mário Sá-Carneiro Como Eu não Possuo

    Mário Sá-Carneiro
    Olho em volta de mim. Todos possuem -
    Um afecto, um sorriso ou um abraço.
    Só para mim as ânsias se diluem
    E não possuo mesmo quando enlaço.

    Roça por …

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    Mário Sá-Carneiro Dispersão

    Mário Sá-Carneiro
    Perdi-me dentro de mim
    Porque eu era labirinto,
    E hoje, quando me sinto,
    É com saudades de mim.

    Passei pela minha vida
    Um astro doido a sonhar.
    Na ânsia de …

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    Mário Sá-Carneiro Alcool

    Mário Sá-Carneiro
    Guilhotinas, pelouros e castelos
    Resvalam longamente em procissão;
    Volteiam-me crepúsculos amarelos,
    Mordidos, doentios de roxidão.

    Batem asas d'auréola aos meus ouvidos,
    Grifam-me sons de côr e de perfumes,
    Ferem-me os …

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    Mário Sá-Carneiro Escavação

    Mário Sá-Carneiro
    Numa ânsia de ter alguma cousa,
    Divago por mim mesmo a procurar,
    Desço-me todo, em vão, sem nada achar,
    E a minh'alma perdida não repousa.

    Nada tendo, decido-me a criar: …

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    Mário Sá-Carneiro 7

    Mário Sá-Carneiro
    Eu não sou eu nem sou o outro,
    Sou qualquer coisa de intermédio:
    Pilar da ponte de tédio
    Que vai de mim para o Outro.


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    Mário Sá-Carneiro Vontade de Dormir

    Mário Sá-Carneiro
    Fios d'ouro puxam por mim
    A soerguer-me na poeira -
    Cada um para o seu fim,
    Cada um para o seu norte...

    . . . . . . . . …

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    Mário Sá-Carneiro Além-Tédio

    Mário Sá-Carneiro
    Nada me expira já, nada me vive -
    Nem a tristeza nem as horas belas.
    De as não ter e de nunca vir a tê-las,
    Fartam-me até as coisas que …

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    Mário Sá-Carneiro Partida

    Mário Sá-Carneiro
    Ao ver escoar-se a vida humanamente
    Em suas águas certas, eu hesito,
    E detenho-me às vezes na torrente
    Das coisas geniais em que medito.

    Afronta-me um desejo de fugir
    Ao …

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    Mário Sá-Carneiro A Inegualável

    Mário Sá-Carneiro
    Ai, como eu te queria toda de violetas
    E flébil de setim...
    Teus dedos longos, de marfim,
    Que os sombreassem joias pretas...

    E tão febril e delicada
    Que não podesses …

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