O Sexo
Orlando Neves
Neste corpo, a densa neblina, quase um hábito,
lentamente descida, sedimento e sede,
subtilmente o acalma. Ancora que se desloca,
movediça e infirme. Só no olhar, além
da luz e …
lentamente descida, sedimento e sede,
subtilmente o acalma. Ancora que se desloca,
movediça e infirme. Só no olhar, além
da luz e …
Todas as Noites me Sinto
Orlando Neves
Todas as noites me sinto
igual aos desconhecidos.
Sou a criança que sou,
só quando o tempo pára.
Fico em mim,
fora dos músculos.
Por que se movem os deuses …
igual aos desconhecidos.
Sou a criança que sou,
só quando o tempo pára.
Fico em mim,
fora dos músculos.
Por que se movem os deuses …
As Mãos
Orlando Neves
Brandamente escrevem dos espasmos do sol.
Envelhecem do pulso ao cérebro, ao calor baço
de um revérbero no eixo dos ventos, usura
das máscaras que, sucessivamente, as transformam
de consciência …
Envelhecem do pulso ao cérebro, ao calor baço
de um revérbero no eixo dos ventos, usura
das máscaras que, sucessivamente, as transformam
de consciência …
As Lágimas
Orlando Neves
Exaltemos as lágrimas. Na pele das veias,
bom dia, águas. Gratidão ao rosto, às cores,
ao sulco nos olhos. Porquê este ardor, este
temor da erva pisada? Adormecem comigo,
meigas …
bom dia, águas. Gratidão ao rosto, às cores,
ao sulco nos olhos. Porquê este ardor, este
temor da erva pisada? Adormecem comigo,
meigas …
O Coração - II
Orlando Neves
A solidão é perfeita como um rasgo entre
as nuvens, ao último sonho. A solidão
que se cala em teu fundo e vai envelhecendo
na terra perdida do som descompassado. …
as nuvens, ao último sonho. A solidão
que se cala em teu fundo e vai envelhecendo
na terra perdida do som descompassado. …
O Medo
Orlando Neves
Que não se confunde. Por existir se ganha
e nos pertence. Sílabas ou linguagem,
busca o centro nas mãos, nos olhos, o contacto
incessante. Percorre os muros da memória,
na …
e nos pertence. Sílabas ou linguagem,
busca o centro nas mãos, nos olhos, o contacto
incessante. Percorre os muros da memória,
na …
Pandora
Orlando Neves
De repente,
o corpo da mulher fulgura,
pupila de deus,
punhal ou bico,
sede que chama.
Pára em mim e deslumbra
nula possibilidade
da lucidez.
o corpo da mulher fulgura,
pupila de deus,
punhal ou bico,
sede que chama.
Pára em mim e deslumbra
nula possibilidade
da lucidez.
Só de Restos se Consagra o Tempo
Orlando Neves
Só de restos se consagra o tempo, força
cerrada na inutilidade destas
cores campestres, quando o sol em Novembro
escurece os sobreiros. Só de restos me
espera a cerimónia de …
cerrada na inutilidade destas
cores campestres, quando o sol em Novembro
escurece os sobreiros. Só de restos me
espera a cerimónia de …
A Dor
Orlando Neves
Que venha, refúgio ou insónia, futuro
antigo e comece no campo ou no flanco, à
direita, onde consome a alma, à esquerda
onde exclama no corpo, na seiva ou no …
antigo e comece no campo ou no flanco, à
direita, onde consome a alma, à esquerda
onde exclama no corpo, na seiva ou no …
À Morte
Orlando Neves
Tu que mísero vives
no vão dos braços
em súbito furor
Tu de mãos cativas
senhor dos ombros
indefeso dador
Tu que os dedos secas
no liso peito
armado amador …
no vão dos braços
em súbito furor
Tu de mãos cativas
senhor dos ombros
indefeso dador
Tu que os dedos secas
no liso peito
armado amador …