Américo Durão

A Minha Mãe

Américo Durão
Lembra alvuras de cisne sobre um lago
A minha vida imaculada e honesta...
Ouço bater meu coração em festa,
Pela bondade e amor que nele trago!

Do meu orgulho olímpico de mago
Só o desdém aos inimigos resta,
Maior que às folhas mortas da floresta,
Que nos meus dedos pálidos esmago.

Mas a piedade enche o meu peito, e vem,
Em vez de tão humano e vil desdém,
Ungir meus lábios de um perdão divino...

Julguei ser Deus! E choro de cansaço...
Oh, mãe piedosa, embala no regaço
Meu coração exausto de menino!...