A uma Regateira
A minha Isabel
saiu esta tarde
A matar de amores,
A vendar gorazes.
Deitada ao pescoço
A beatilha leva,
Pois de desprezar
Somente se preza,
Por fresco apregoa
O peixe, meu bem,
E no apregoar fresco
Quanto sal que tem!
Gadelhinhas louras,
Que pelas gadelhas
A minha alma anda
Pendurada nelas.
Em continhas brancas
Extremós vermelhos.
Porém como ela
Não há tal extremo.
Memória de prata
Metida no dedo,
Vá-se embora o ouro,
Que não tem tal preço.
Sainha de pano,
Barra de veludo,
Mantilha vermelha,
Sapata em pantufo.
Ao passar lhe disse
Pela requebrar:
Senhora Isabel
Quem fora goraz!
Fizera-lhe eu logo
Depressa um Soneto,
Porque de poeta
Tenho meus dois dedos.
Porém nesse passo
Entrou Bastião,
Pediu-me dinheiro,
Dei a tudo de mão.
saiu esta tarde
A matar de amores,
A vendar gorazes.
Deitada ao pescoço
A beatilha leva,
Pois de desprezar
Somente se preza,
Por fresco apregoa
O peixe, meu bem,
E no apregoar fresco
Quanto sal que tem!
Gadelhinhas louras,
Que pelas gadelhas
A minha alma anda
Pendurada nelas.
Em continhas brancas
Extremós vermelhos.
Porém como ela
Não há tal extremo.
Memória de prata
Metida no dedo,
Vá-se embora o ouro,
Que não tem tal preço.
Sainha de pano,
Barra de veludo,
Mantilha vermelha,
Sapata em pantufo.
Ao passar lhe disse
Pela requebrar:
Senhora Isabel
Quem fora goraz!
Fizera-lhe eu logo
Depressa um Soneto,
Porque de poeta
Tenho meus dois dedos.
Porém nesse passo
Entrou Bastião,
Pediu-me dinheiro,
Dei a tudo de mão.