Águas Passadas não Moem Moinhos
António Serrão Castro
Porém passa-me por alto,
e tanto por alto, que
mais meu olho não a vê
depois que lhe dais assalto:
eu então de passas falto
fico morfuz e mofino;
vós moendo-a de contino,
eu sem moer dela nada;
porque com agua passada
no puede moler molino.

António Serrão de Castro, in 'Os Ratos da Inquisição'