As Tuas Mãos
Judith Teixeira
Pálido, extático,
olhavas para mim.
E as tuas mãos raras,
de linhas estilizadas,
poisavam abandonadas
sobre os tons liriais do meu coxim

Os meus olhos de sonho
ficaram presos tristemente
às tuas mãos!...
- Mãos de doente,
mãos de asceta
E eu que amo e quero a rubra cor dos sãos,
tombei-me a contemplá-las
numa atitude cismadora e quieta

Depois aqueles beijos que lhe dei,
unindo-as, ansiosa, à minha boca
torturada e aflita,
tiveram a amargura
suavemente doce
duma dor bendita!

Mãos de renúncia! Mãos de amargor!
E as tuas lindas mãos, nostálgicas e frias,
tristes cadáveres
de ilusão e dor,
não puderam entender
a febre exaltada
e torturante
que abrasava
as minhas mãos
delicadas,
- as minhas mãos de mulher!