Deixa, Moreira, o Mundo
(Ao seu Amigo)
Deixa, Moreira, o mundo; é tempo agora
De ver da praia firme o golfo insano,
As velas colhe, e o tarde desengano
Com levantadas mãos devoto adora.
Repousa pois: o mundo hoje devora
Com enganos cruéis o peito humano;
E rindo-te de ver o antigo engano,
As antigas paixões sábio melhora.
Deixa Amor, deixa as Musas, e somente
Do Ilustre Baco o copo à boca arrima;
Pois alegra a quem vive descontente:
Louva o homem discreto, o Sábio estima;
Ama a virtude; mostra-te prudente;
Toma tabaco, fala à tua Prima.
Deixa, Moreira, o mundo; é tempo agora
De ver da praia firme o golfo insano,
As velas colhe, e o tarde desengano
Com levantadas mãos devoto adora.
Repousa pois: o mundo hoje devora
Com enganos cruéis o peito humano;
E rindo-te de ver o antigo engano,
As antigas paixões sábio melhora.
Deixa Amor, deixa as Musas, e somente
Do Ilustre Baco o copo à boca arrima;
Pois alegra a quem vive descontente:
Louva o homem discreto, o Sábio estima;
Ama a virtude; mostra-te prudente;
Toma tabaco, fala à tua Prima.