In Extremis
1
Só a criança conhece a Eternidade
Que é inocência do desconhecido.
E o que me dá saudade
É havê-la em mim perdido.
Outra herança de tudo que não sou
Podeis levá-la! Faça-se a vontade:
Que a imortal, perene propriedade,
Perdeu-a o homem quando semeou.
Ah! como a onda do mar que é mais bravia
É que abraça os escolhos,
Só terra de poesia
Foi na minh'alma dor, o luto dos meus olhos.
Entre o homem e o mundo há um novelo
De linha preta:
Meu acto de Fé é ser criança, e crê-lo,
Que é ser poeta.
2
O que levamos da terra
É o céu que possuímos:
Esperança das sepulturas.
E à morte que damos vida
Todos os deuses se igualam
Ao mesmo Deus das Alturas.
Sê, ó Morte, o meu dia de Juízo
Se é fantasia o que penso
Sonho a terra que piso.
Mas quando o corpo, a natureza morta
Me for nas mãos dos homens
Com suas luvas pretas,
Ai, cante um rouxinol minha hora derradeira,
Porventura o mais fiel dos cantos
Amigo dos poetas.
Só a criança conhece a Eternidade
Que é inocência do desconhecido.
E o que me dá saudade
É havê-la em mim perdido.
Outra herança de tudo que não sou
Podeis levá-la! Faça-se a vontade:
Que a imortal, perene propriedade,
Perdeu-a o homem quando semeou.
Ah! como a onda do mar que é mais bravia
É que abraça os escolhos,
Só terra de poesia
Foi na minh'alma dor, o luto dos meus olhos.
Entre o homem e o mundo há um novelo
De linha preta:
Meu acto de Fé é ser criança, e crê-lo,
Que é ser poeta.
2
O que levamos da terra
É o céu que possuímos:
Esperança das sepulturas.
E à morte que damos vida
Todos os deuses se igualam
Ao mesmo Deus das Alturas.
Sê, ó Morte, o meu dia de Juízo
Se é fantasia o que penso
Sonho a terra que piso.
Mas quando o corpo, a natureza morta
Me for nas mãos dos homens
Com suas luvas pretas,
Ai, cante um rouxinol minha hora derradeira,
Porventura o mais fiel dos cantos
Amigo dos poetas.