Memória
I
Na cristalina, líquida presença,
crescente lua no abismo enquanto
o mar se cala, desconheço a margem
onde me espera no desejo
esguio do poente a deusa branca...
À ínfima visão dum lírio encosto
o meu soluço! O espaço é grande...
Não invoco o lugar mas a verdade
surge aquém da espera...
Gaivotas sussurrantes, deixo a música
morrer, pegadas frescas, desperdícios
quentes na relva da minha alma...
II
Quando se oculta julgando a noite
indefesa enorme, a fugidia
estrela me ilumina e desce!
Vem até mim, quebrada a natural
cadência do seu mundo, e cresce... cresce...
Tentáculos de luz me envolvem. Comovido,
aperto em minhas mãos o elanguescente
ardor do seu chegar...
III
Reconquisto agora o teu rosto, um horizonte,
silêncio de grito suspenso, labirinto,
mais desfeito
no hálito das nuvens...
Me surges tão sem ti
que envolve o dia a espessura deste longe...
E afogo assim na íntima, na única
beleza do teu rasto,
o meu soluço de água...
Na cristalina, líquida presença,
crescente lua no abismo enquanto
o mar se cala, desconheço a margem
onde me espera no desejo
esguio do poente a deusa branca...
À ínfima visão dum lírio encosto
o meu soluço! O espaço é grande...
Não invoco o lugar mas a verdade
surge aquém da espera...
Gaivotas sussurrantes, deixo a música
morrer, pegadas frescas, desperdícios
quentes na relva da minha alma...
II
Quando se oculta julgando a noite
indefesa enorme, a fugidia
estrela me ilumina e desce!
Vem até mim, quebrada a natural
cadência do seu mundo, e cresce... cresce...
Tentáculos de luz me envolvem. Comovido,
aperto em minhas mãos o elanguescente
ardor do seu chegar...
III
Reconquisto agora o teu rosto, um horizonte,
silêncio de grito suspenso, labirinto,
mais desfeito
no hálito das nuvens...
Me surges tão sem ti
que envolve o dia a espessura deste longe...
E afogo assim na íntima, na única
beleza do teu rasto,
o meu soluço de água...