![Sá Miranda Sá Miranda](/media/images/sa-miranda.jpg)
O Sol é Grande
O sol é grande, caem coa calma as aves,
do tempo em tal sazão, que sói ser fria;
esta água que dalto cai acordar-m-ia
do sono não, mas de cuidados graves.
Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,
qual é tal coração quem vós confia?
Passam os tempos vai dia trás dia,
incertos muito mais que ao vento as naves.
Eu vira já aqui sombras, vira flores,
vi tantas águas, vi tanta verdura,
as aves todas cantavam damores.
Tudo é seco e mudo; e, de mestura,
também mudando-meu fiz doutras cores:
e tudo o mais renova, isto é sem cura!
do tempo em tal sazão, que sói ser fria;
esta água que dalto cai acordar-m-ia
do sono não, mas de cuidados graves.
Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,
qual é tal coração quem vós confia?
Passam os tempos vai dia trás dia,
incertos muito mais que ao vento as naves.
Eu vira já aqui sombras, vira flores,
vi tantas águas, vi tanta verdura,
as aves todas cantavam damores.
Tudo é seco e mudo; e, de mestura,
também mudando-meu fiz doutras cores:
e tudo o mais renova, isto é sem cura!