Solar da Fraternidade
(À Casa Juvenal Galeno)
Aqui, confundem-se o herói e o sábio!
A Ciência brilha — se a Bravura esplende,
A pena escreve — se lampeja a espada,
E chora o sábio — quando o herói se rende!
Mas, se dos gênios são iguais os louros,
Um só planeta pelo céu transluz…
E essa igualdade que unifica as forças
Planta a semente que floresce em Luz!
No santo abrigo deste teto amado
Crescem os fracos no solar dos fortes;
Caminham todos numa só miragem,
Embora ao peso de diversas sortes…
A cada passo um Cirineu se encontra
Que ajuda o Cristo a carregar a cruz…
E essa virtude de servir a todos
Planta a semente que floresce em Luz!
No mesmo campo dão-se os braços gêmeos
O alto cipreste e o parreiral rasteiro;
E a mesma brisa que bafeja as dálias
Aquece a fronde do infeliz salgueiro;
A acácia fresca, num enxoval de flores,
Estende os ramos sobre os cardos nus…
E do seu pólen pelo chão resvala
O germe puro que rebenta em luz!
No mesmo copo do Sagrado Vinho
Todos os lábios vão beber sem pejo;
E o vaso puro, que não guarda manchas,
Nem sequer treme... pra escolher o beijo;
Na Ceia Larga, onde se fartam todos,
Há pães e peixes — que nos dá Jesus…
E é desse gesto de fraternidade
Que rola o trigo florescendo em Luz!
Sobre este oceano de insondáveis águas
Cruzam-se os mastros enfrentando os ventos…
Grite a procela, ruja o mar em fúrias,
Ninguém desiste dos seus bons intentos!
“À proa! À proa!” — gritam todos, fortes,
Se tomba o barco que o Ideal conduz…
E se algum nauta escorregar no abismo
Vai sobre as ondas verberando Luz!
Da Confusão não é que nascem gênios,
Nem podem gênios navegar sem Deus;
A Indiferença vai morrer nos antros
Quando o Trabalho vai viver nos céus!
Pois essa jóia que se chama VIDA
Só tem beleza quando o Bem produz:
Porque o brilhante que ilumina o lago,
Dentro do charco não desprende Luz!
Abra-se a porta ao andarilho trôpego!
Dê-se um caderno ao desgraçado infante,
Que o débil veio que estancou na rocha
Rasga a pedreira e vai correr adiante!
Pois o que nega essa divina esmola
— Santa legenda que só Deus traduz —
Não vê que o pranto desses tristes párias
Vai no futuro rebentar em Luz!
Olha a sarjeta! Vê que a Fome grita…
Olha o bordel! Vê que a Virtude chora…
Olha a baixeza! Vê que os homens brigam…
Olha as Alturas! Vê que Deus descora…
Que doce canto vibraria a terra
Nesse destino que a Nação conduz,
Se em vez do Crime, da Desonra e do Ódio,
Florisse a Paz! Harmonia! a Luz!
Fraternidade! Tu perdeste o nome
Porque a Justiça ainda está pagã…
Mas luta! luta, que o Jordão dos Justos
Viará um dia batizar a Irmã!
Quando o Direito — precursor eterno —
Levar seus rastros aos desertos nus…
Então, Rainha, tu verás teu nome
Escrito em ouro... desenhado em Luz!
Em prol do Bem pode bater-se um povo,
Mas, pelo mal — não tem valor a farda;
Porque se o forte leva à morte o fraco,
Vive a Justiça — que de Deus não tarda!
Não há vitória quando a luta é injusta,
Porque a razão os batalhões reduz…
Por isso, bravos que seguis comigo,
Fugi das trevas! Procurai a Luz!
Quando nos campos o guerreiro tomba
Enchendo a Pátria com seu gesto altivo,
Não morre nunca… que seu vulto fica
No azul do espaço — cada vez mais vivo!
E a nova estrela que no céu se engasta
Lá das alturas com fulgor reluz…
E os próprios raios que orgulhosos descem
Beijam na lousa esta legenda — LUZ!
Quando o soldado toma a farda e a lança,
E a mãe, chorosa, lhe murmura: — “Vai!...”
Quando nas lavas do Nazismo infame
Nosso mestiço fulminado cai…
Quando nos campos onde a Fome impera
A virgem vende os magros seios nus,
Deus chora e brada: — Geração de cegos!
Vinde a meu Reino... vos fartar de Luz!
Do Reich — em sangue, de Moscou — raivosa,
Da França — em jugos, da Polônia — escrava,
Da Itália — em ruínas, das Américas — livres,
Do Brasil — forte, da Inglaterra — brava;
Da China — sábia, do Japão — faminto,
Um novo mundo brotaria a flux
Se a bomba-atômica espargisse raios
Não de rancores... mas de Amor e Luz!
Fortaleza, 1945.
Aqui, confundem-se o herói e o sábio!
A Ciência brilha — se a Bravura esplende,
A pena escreve — se lampeja a espada,
E chora o sábio — quando o herói se rende!
Mas, se dos gênios são iguais os louros,
Um só planeta pelo céu transluz…
E essa igualdade que unifica as forças
Planta a semente que floresce em Luz!
No santo abrigo deste teto amado
Crescem os fracos no solar dos fortes;
Caminham todos numa só miragem,
Embora ao peso de diversas sortes…
A cada passo um Cirineu se encontra
Que ajuda o Cristo a carregar a cruz…
E essa virtude de servir a todos
Planta a semente que floresce em Luz!
No mesmo campo dão-se os braços gêmeos
O alto cipreste e o parreiral rasteiro;
E a mesma brisa que bafeja as dálias
Aquece a fronde do infeliz salgueiro;
A acácia fresca, num enxoval de flores,
Estende os ramos sobre os cardos nus…
E do seu pólen pelo chão resvala
O germe puro que rebenta em luz!
No mesmo copo do Sagrado Vinho
Todos os lábios vão beber sem pejo;
E o vaso puro, que não guarda manchas,
Nem sequer treme... pra escolher o beijo;
Na Ceia Larga, onde se fartam todos,
Há pães e peixes — que nos dá Jesus…
E é desse gesto de fraternidade
Que rola o trigo florescendo em Luz!
Sobre este oceano de insondáveis águas
Cruzam-se os mastros enfrentando os ventos…
Grite a procela, ruja o mar em fúrias,
Ninguém desiste dos seus bons intentos!
“À proa! À proa!” — gritam todos, fortes,
Se tomba o barco que o Ideal conduz…
E se algum nauta escorregar no abismo
Vai sobre as ondas verberando Luz!
Da Confusão não é que nascem gênios,
Nem podem gênios navegar sem Deus;
A Indiferença vai morrer nos antros
Quando o Trabalho vai viver nos céus!
Pois essa jóia que se chama VIDA
Só tem beleza quando o Bem produz:
Porque o brilhante que ilumina o lago,
Dentro do charco não desprende Luz!
Abra-se a porta ao andarilho trôpego!
Dê-se um caderno ao desgraçado infante,
Que o débil veio que estancou na rocha
Rasga a pedreira e vai correr adiante!
Pois o que nega essa divina esmola
— Santa legenda que só Deus traduz —
Não vê que o pranto desses tristes párias
Vai no futuro rebentar em Luz!
Olha a sarjeta! Vê que a Fome grita…
Olha o bordel! Vê que a Virtude chora…
Olha a baixeza! Vê que os homens brigam…
Olha as Alturas! Vê que Deus descora…
Que doce canto vibraria a terra
Nesse destino que a Nação conduz,
Se em vez do Crime, da Desonra e do Ódio,
Florisse a Paz! Harmonia! a Luz!
Fraternidade! Tu perdeste o nome
Porque a Justiça ainda está pagã…
Mas luta! luta, que o Jordão dos Justos
Viará um dia batizar a Irmã!
Quando o Direito — precursor eterno —
Levar seus rastros aos desertos nus…
Então, Rainha, tu verás teu nome
Escrito em ouro... desenhado em Luz!
Em prol do Bem pode bater-se um povo,
Mas, pelo mal — não tem valor a farda;
Porque se o forte leva à morte o fraco,
Vive a Justiça — que de Deus não tarda!
Não há vitória quando a luta é injusta,
Porque a razão os batalhões reduz…
Por isso, bravos que seguis comigo,
Fugi das trevas! Procurai a Luz!
Quando nos campos o guerreiro tomba
Enchendo a Pátria com seu gesto altivo,
Não morre nunca… que seu vulto fica
No azul do espaço — cada vez mais vivo!
E a nova estrela que no céu se engasta
Lá das alturas com fulgor reluz…
E os próprios raios que orgulhosos descem
Beijam na lousa esta legenda — LUZ!
Quando o soldado toma a farda e a lança,
E a mãe, chorosa, lhe murmura: — “Vai!...”
Quando nas lavas do Nazismo infame
Nosso mestiço fulminado cai…
Quando nos campos onde a Fome impera
A virgem vende os magros seios nus,
Deus chora e brada: — Geração de cegos!
Vinde a meu Reino... vos fartar de Luz!
Do Reich — em sangue, de Moscou — raivosa,
Da França — em jugos, da Polônia — escrava,
Da Itália — em ruínas, das Américas — livres,
Do Brasil — forte, da Inglaterra — brava;
Da China — sábia, do Japão — faminto,
Um novo mundo brotaria a flux
Se a bomba-atômica espargisse raios
Não de rancores... mas de Amor e Luz!
Fortaleza, 1945.